Plantar a sua Lua é mais do que um simples ritual, é parte de um processo de reconexão muito maior e mais amplo. É uma ato representativo do que era realizado por nossas ancestrais antes da constituição das sociedades patriarcais. Em todas as comunidades matrifocais ou nas sociedades em que o feminino era respeitado, existiam locais específicos para onde as mulheres em suas “Luas” se dirigiam.
No Egito antigo tinha a “Tenda da Lua” e nas comunidades dos povos originais das Américas as “Tendas Vermelhas”. Nesta época antiga, alguns dias antes de menstruar, as mulheres começavam a se preparar, adiantavam seus afazeres, preparavam comidas leves para levarem consigo e se encaminhavam a esses locais. Normalmente eram recebidas por mulheres mais velhas que já estavam na fase da menopausa e que cuidavam desses locais acolhendo as mulheres que chegavam em seus tempos de Lua.
Não existiam confraternizações grupais, cada uma estava ali para sentir o seu próprio ciclo e deixar seu sangue escorrer. Algumas choravam, outras riam, outras se isolavam ainda mais, ficando alguns dias nas montanhas, lagos e desertos, perto dos locais das grandes tendas. O objetivo era sempre o mesmo, deixar seu corpo sangrar livremente em meio a natureza, conectando-se com a mãe terra e ouvindo as vozes de suas ancestrais. Tendo intuições, insights, premonições ou apenas se preparando para o novo ciclo e as mudanças que com ele sempre vem.
Hoje, é muito difícil encontrarmos locais puros na natureza, onde se possa simplesmente deixar seu sangue fluir, seja em uma pedra junto à água, dentro das águas dos rios ou em qualquer outro local. A maioria das mulheres modernas vivem com pressa, rodeada mais de cimento do que de verde, algumas poucas privilegiadas vivem junto a bosques, florestas e podem realizar essas práticas e se dar esse tempo, tão importante durante a menstruação.
Então, surge um ritual substituto para nos lembrar de nosso legado e as práticas de nossas ancestrais. O “plantar a Lua” é exatamente isso, é um ato ritualístico e simbólico que nos traz à memória o tempo em que podíamos nos relacionar livremente com nossos ciclos, quando este era visto como algo natural, digno e de poder.
É preciso dar-se tempo durante o período menstrual. Tempo para simplesmente deixar o sangue fluir e Ser, apenas ser o corpo sangrando, observando a sensação de quase paz e reencontro que vem dessa atitude. Deixe para depois o fazer, neste momento apenas seja.
Entendemos que a grande maioria das mulheres possui uma rotina atarefada em que quase não sobra tempo para si mesma, mas é necessário que ache esse tempo, que falte um dia ao serviço, que chegue em casa mais cedo, que fique em silêncio por mais horas durante seu ciclo menstrual.
Programe-se, alguns dias antes da menstruação arrume sua agenda, nada é impossível, você só precisa querer. Converse com as pessoas na sua casa, fale do quanto é importante ter esse tempo para você, e vá aos poucos construindo esse espaço sagrado dentro e fora de si mesma.
Uma mulher menstruada é potencialmente mais psíquica e espiritualmente, sensitivamente mais poderosa que qualquer homem ou mulher em outra fase de seu ciclo.
Por isso, é tão importante meditar durante o ciclo menstrual, ouvir seu útero, seu corpo e deixar seu sangue fluir livremente. Não use nada que impeça seu sangue de fluir, observe e aprenda com ele a diferenciar seus ciclos e reações de acordo com a cor e textura do seu sangue. Não há nada de nojento ou sujo em você.
O plantar a Lua é parte desse processo de reconexão, é um ritual simples, que deve ser feito durante o período menstrual.
Você pode ter em seu altar, o que muitos grupos femininos chamam de “jarro vermelho” e ali colocar o sangue que você irá ofertar a mãe Terra. Não precisa ser muito, em qualquer ritual menos é sempre mais, é a sintonia, a entrega e a presença que realmente importam. Se não quiser colocar o jarro em seu altar não precisa, são meios, para uma mesma coisa. Pessoalmente escolhi uma folhagem que tenho em meu altar representando o elemento terra e nele coloco o sangue menstrual misturado com água. A diluição do sangue menstrual em água é importante para que ele seja absorvido em sua totalidade pela terra e não fique na parte de cima, onde espíritos indesejáveis possam se alimentar dele.
Sugestão:
Antes de fazer a entrega, acenda um incenso e a vela em seu altar (se já tiver uma não precisa acender outra) converse com a Deusa, explique que você está doando seu sangue à terra para refazer a conexão com seu feminino e peça para que a deusa lhe mostre em sonhos, em inspiração ou intuição o que precisa para ser mais em si mesma, para tornar-se quem potencialmente nasceu para ser com toda força de seu útero.
Esteja de corpo e mente presente, sinta a alegria que invade cada uma de nós na realização desse ato tão simples e tão poderoso.
Os únicos perigos que existem na realização desse ritual é você plantar sua Lua em locais inapropriados como cemitérios, terrenos abandonados em que tenha sido feito rituais de sangue, por exemplo.
Procure sempre locais seguros, em suas folhagens ou no terreno de sua casa. Escolha uma delas e faça seu ritual, não esqueça de diluir em água e não exagere na quantidade, é muito mais qualidade do que quantidade.
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